O
capítulo analisado da produção de Rocha (1980) é um panorama geral do que é o etnocentrismo. De maneira simples,
poderíamos compreendê-lo resumidademente da seguinte forma: “nosso próprio
grupo é tomado pelo centro de tudo” (p.07).
Contudo,
o etnocentrismo vai muito além da clara supremacia que uma cultura tende a
estabelecer sobre a outra. Atitudes etnocêntricas ultrapassam o estranhamento e
o pré-julgamento, podendo estabelecer relações conflituosas e repugnantimentes
violentas. Como podemos analisar historicamente a brutal colonização das
Américas pelos Europeus. Com a concepção de que os povos viventes aqui do outro
lado do Oceano eram sociedades primitivas e selvagens, “infantis” na escala de “evolução”,
os homens que aqui chegaram não demoraram muito a utilizar-se dessa assertiva
para praticar seus atos mais vis e brutais.
É
claro, que o etnocentrismo não é uma característica comum somente a uma
determinada sociedade. O etnocentrismo não escapa a nenhum grupo ou etnia, está
presente em todas as culturas. E estejam elas onde estiverem, quando houver
algum confronto de determinadas realidades, possivelmente haverão conflitos.
Ainda
assim, o que o etnocentrismo tem de mais terrível não é a supervalorização da
própria cultura e a desmoralização da cultura do outro, mas o agir e pensar de
forma a transparecer que o outro não tenha voz e nem vez. Que a voz do outro
seja tão insignificante que não valha a pena ser ouvida, não levando em
consideração que nenhuma cultura é estática e impassível de assimilar valores
do outro. Pelo contrário, as culturas, apesar dos conflitos, estão em uma
eterna troca de saberes de significados e valores.
Inutilmente,
o etnocentrismo continua existindo desde os primórdios da civilização e
continuará até o fim dos tempos. Digo inutilmente, pois o pré-conceito,
pré-julgamento é “é tão eficaz quanto mascar chiclete para
tentar resolver uma equação de álgebra”. Afinal, quando estamos julgando a impressão que tivemos de uma realidade e nunca a realidade em si. Pré-conceitos,
portanto, são inúteis, pois só temos a representação do real e não o real
realmente.
Felizmente, para tudo que há nesse
mundo há também um contraponto. E a ideia que se contrapõe ao etnocentrismo, o
autor ao final do texto vem nos ressaltar sobre a relativização. A relativização é “ver que a verdade está mais no
olhar do que naquilo que é olhado” (p. 23). Ou seja, despir-se de sua própria visão
discriminatória e ao menos tentar compreender o mundo através do olhar do
outro. Perceber que a beleza disso tudo, desse mundo todo está nas diferenças,
nos vários olhares que o próprio mundo tem.
Referências Bibliográficas
ROCHA, Everardo. Pensando em Partir. In: O que é etnocentrismo. São Paulo,
Brasiliense, 1980.
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