terça-feira, 11 de junho de 2013

Sobre o etnocentrismo.



            O capítulo analisado da produção de Rocha (1980) é um panorama geral do que é o etnocentrismo. De maneira simples, poderíamos compreendê-lo resumidademente da seguinte forma: “nosso próprio grupo é tomado pelo centro de tudo” (p.07).

            Contudo, o etnocentrismo vai muito além da clara supremacia que uma cultura tende a estabelecer sobre a outra. Atitudes etnocêntricas ultrapassam o estranhamento e o pré-julgamento, podendo estabelecer relações conflituosas e repugnantimentes violentas. Como podemos analisar historicamente a brutal colonização das Américas pelos Europeus. Com a concepção de que os povos viventes aqui do outro lado do Oceano eram sociedades primitivas e selvagens, “infantis” na escala de “evolução”, os homens que aqui chegaram não demoraram muito a utilizar-se dessa assertiva para praticar seus atos mais vis e brutais.

            É claro, que o etnocentrismo não é uma característica comum somente a uma determinada sociedade. O etnocentrismo não escapa a nenhum grupo ou etnia, está presente em todas as culturas. E estejam elas onde estiverem, quando houver algum confronto de determinadas realidades, possivelmente haverão conflitos.
 
            Ainda assim, o que o etnocentrismo tem de mais terrível não é a supervalorização da própria cultura e a desmoralização da cultura do outro, mas o agir e pensar de forma a transparecer que o outro não tenha voz e nem vez. Que a voz do outro seja tão insignificante que não valha a pena ser ouvida, não levando em consideração que nenhuma cultura é estática e impassível de assimilar valores do outro. Pelo contrário, as culturas, apesar dos conflitos, estão em uma eterna troca de saberes de significados e valores.

            Inutilmente, o etnocentrismo continua existindo desde os primórdios da civilização e continuará até o fim dos tempos. Digo inutilmente, pois o pré-conceito, pré-julgamento é “é tão eficaz quanto mascar chiclete para tentar resolver uma equação de álgebra”. Afinal, quando estamos julgando a impressão que tivemos de uma realidade e nunca a realidade em si. Pré-conceitos, portanto, são inúteis, pois só temos a representação do real e não o real realmente.

            Felizmente, para tudo que há nesse mundo há também um contraponto. E a ideia que se contrapõe ao etnocentrismo, o autor ao final do texto vem nos ressaltar sobre a relativização. A relativização é “ver que a verdade está mais no olhar do que naquilo que é olhado” (p. 23). Ou seja, despir-se de sua própria visão discriminatória e ao menos tentar compreender o mundo através do olhar do outro. Perceber que a beleza disso tudo, desse mundo todo está nas diferenças, nos vários olhares que o próprio mundo tem.

 

Referências Bibliográficas
ROCHA, Everardo. Pensando em Partir. In: O que é etnocentrismo. São Paulo, Brasiliense, 1980.

Nenhum comentário:

Postar um comentário